sábado, 25 de agosto de 2007

Ainda somos os mesmos e vivemos, como nossos pais?


Venho escutando "O Teatro Mágico" frequentemente.
Música, teatro,poesia,circo.... que combinação hein!?
Quando escuto o trabalho deles sinto que não estou sozinho,
e é uma sensação irmã das que sinto quando estou com o PRANA(nosso grupo de teatro) e com o "Nãoprecisafalarmaisnada"(outro grupo de teatro que participo),
quando converso com meu amigo de Blumenau, ou com jovens que tem a mesma coragem que a gente tem.
Coragem de se encarar e encarar os outros;
coragem para ser fraco e coragem para ser forte.
Coragem para amar a céu aberto.
Com pequenas atitudes, essa juventude substitui os campos de batalha,
Por outro campo.
Um campo onde um garoto esqueceu os sapatos e se lambuzou com a terra e com o próprio suor, numa tarde de inverno com sol e vento.

"Camarada d'onde vem essa febre
Nossa alegria breve, por enquanto nos deixou...
Camarada viva a vida mais leve
Não deixe que ela escorregue
Que te cause mais dor"
(Trecho da música camarada dágua)



Para quem quiser conferir melhor o pessoal, o youtube está saturado de vídeos e o orkut de comunidades.
Também tem essa página com as músicas: http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/oteatromagico/

E o sitio oficial:
http://www.oteatromagico.mus.br/index2.php

E os blogues:
http://www.oteatromagico.mus.br/index2.php?blog=1
http://www.teatromagico.blogger.com.br/

Aí vai a letra de uma canção deles:

A pedra mais alta

Me resolvi por subir na pedra mais alta
Pra te enxergar sorrindo da pedra mais alta
Contemplar teu ar, teu movimento, teu canto
Olhos feito pérola, cabelo feito manto

Sereia bonita sentada na pedra mais alta
To pensando em me jogar de cima da pedra mais alta
Vou mergulhar, talvez bater cabeça no fundo
Vou dar braçadas remar todos mares do mundo

O medo fica maior de cima da pedra mais alta
Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta
Me pareço conchinha ou será que conchinha acha que sou eu?
Tudo fica confuso de cima da pedra mais alta

Quero deitar na tua escama
Teu colo confessionário
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedra

Sereia bonita descansa teus braços em mim
Não quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentido

Quero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira e minha metade de volta

domingo, 19 de agosto de 2007

TEATRAR OU NÃO TEATRAR...EIS A QUESTÃO!!!






Pedalo...

Flutuo na minha Monark bicolor....

Sinto meu corpo interligado...As pernas,os braços, cabeça, tronco, cordas vocais, vísceras, ossos,sangue,olhos.Todos são um. E flutuo pela rua Brusque a caminho de casa. A poucas horas atrás estava...Diante de uma porta, diante de mim mesmo.Investigando meu corpo, minha voz, minhas sensações.

Caminho...

Encosto meus pés nus, nos azulejos da "Casa"...

Espero pela minha vez...Enquanto vejo criatividade, insegurança, concordância, contradição, abertura, fechamento,embriaguez.E caminho numa procissão atrás de uma nova performance.Em alguns minutos estaria eu, como meus colegas de oficina, me embriagando comigo mesmo. Salve Díonisio!

Alongo...

Alinho meu esqueleto na parede preta da caixa cênica...

Respiro fundo e o alongamento flui...Percebo as mãos tônicas, a respiração leve, os braços forcejando, os olhos abertos, a Barbara sutil e doce. E alongo, numa luta entre dois Charles: O do cotidiano e o que nega o "sistema".Naquele momento eu temia e desafiava a mim mesmo. E vencia.Quem é o vencedor?O Charles...Ora bolas!!!

Pedalo, caminho e alongo.Flutuo, encosto e alinho. Sinto, espero e respiro.

Vivo.

Viva vida.
Vida viva.

Uma abraço cheio de saúde e sorte,
para quem leu inteiro, esse post"e".


Para quem quiser ver mais fotos é só acessar a página da fotografa samara Zukosky:
http://picasaweb.google.com.br/samarazukoski/OficinaDeInvestigaOVocalAVozEOEspaO?authkey=-_UhrB0iyXA ]

O Espaço em aberto...




Nossa...

Como estou feliz em estar participando(como consumidor das oficinas) desse projeto.

Bem para quem não sabe o projeto " O Espaço em Aberto", é da Cia Experimentus Teatrais de Itajaí.
E visa uma pesquisa aberta sobre o espaço cênico, saindo do espaço tradicional, e investigando outros espaços.Abertos?

O resultado da pesquisa é uma peça dirigida por Daniel Olivetto.E encenada por Jô Fornari, Sandra Knoll e Marcelo F. de Souza.
A Dramaturgia fica por conta de Eliane Lisboa.A preparação vocal é de Barbara Biscaro e a corporal é de Marisa Naspolini.
Nessa sexta passada dia 17 de agosto foi lançado o projeto... E começou com a Oficina de investigação vocal: A voz e o espaço. Ministrada pela Barbara Biscaro.

Oficina a qual eu tive o prazer de participar.
As sensações captadas foram muitas.Mas uma predomina: Instigação

Começar a compreender os mecanismos que compõem o aparelho fonatório. E sentir o corpo inteiro no trabalho, e aos poucos se conscientizar da dialética entre voz, corpo, espaço.
Criando paralelamente as partituras corporais e vocais e depois, unindo os duas, e só então introduzindo o texto.Que sensação gostosa de construção apartir da desconstrução.Saindo do óbvio.Do cotidiano.
Para finalizar a inserção do trabalho num espaço que não era o palco da Casa da Cultura Dide Brandão.Nós não sabíamos...mas...o ESPAÇO estava EM ABERTO.
Depois de uma caminhada pela Casa da Cultura de Itajai, a procura de um espaço condizente com a prespectiva do ator/atriz.
Nova desconstrução. Novo diálogo, agora entre a performance (formada pelas partituras vocais e corporais e pelo texto) e o espaço. Os dois se contradizem e concordam, procuram uma síntese, criando um amálgama.

O resultado?
expressão...

Mais informações: http://www.oespacoemaberto.blogspot.com/

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Tenho sensações que dá vontade de guardar na alma.

"Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de uma àspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo."

Raduan Nassar, Lavoura Arcaica

"De suave e aérea a hora era uma ara onde orar."

" Príncipe de melhores horas, outrora eu fui tua princesa, e amámo-nos com um amor doutra espécie, cuja memória me dói."

"Também meu coração vai a uma igreja que não sabe onde é, vai vestido de um traje de veludo infante, com a cara corada das primeiras impressões a sorrir sem olhos tristes por cima do colarinho muito grande."

Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego


Tenho sensações que dá vontade de guardar na alma.
Sensações que não sei nomear.
Se dissolvem dentro do turbilhão de pensamentos, do cotidiano cheio de acontecimentos.
São solúveis, não por fraqueza.
São dissolvidas por serem sutis. E mostram, que eu preciso somente: de mim mesmo.
Tenho sensações que dá vontade de guardar na alma.